Reflexão para a Solenidade da Epifania do Senhor

5 de janeiro de 2019
Na nossa liturgia, esta comemoração está intrinsecamente unida à Epifania, ou seja, à manifestação de Jesus Cristo a todos os povos.

Comemora-se neste primeiro domingo do ano, dia 6, a Solenidade da Epifania do Senhor ou “Dia de Reis”, a festa dos Reis Magos.

Na nossa liturgia, esta comemoração está intrinsecamente unida à Epifania, ou seja, à manifestação de Jesus Cristo a todos os povos. Contudo, para facilitar a celebração deste mistério tão importante, a sua festa litúrgica passou a ser celebrada no domingo após a solenidade de Maria, Mãe de Deus.

Mas, quem são os Reis Magos? Vamos procurar responder a essa pergunta estudando os Evangelhos e pesquisando em inúmeros documentos.

Em primeiro lugar, o relato de São Mateus não é uma reconstituição histórica do que de fato aconteceu, pelo menos não foi essa sua intenção. O Evangelista e sua comunidade original quiseram mostrar que o Messias não veio para salvar uma pátria, mas todo o mundo. Mateus escreveu para os judeus cristianizados, quis mostrar que Jesus é o descendente de Davi e que sua missão é oferecida aos pagãos.

Não parece verdadeiro que toda Jerusalém tenha ficado alarmada e nem que Herodes tenha convocado todos os sumo sacerdotes e nem que tenha permitido aos magos prosseguirem em seu caminho. Também não deve ser verdadeiro que a estrela tenha seguido um curso contrário às leis naturais. Não se deve buscar uma explicação segundo as leis da astronomia.

Quanto aos “Reis Magos”, o texto evangélico não fala em três, mas em “magos do Oriente”.

No século III, Orígenes fala em três, provavelmente por causa dos três presentes: “ouro, incenso e mirra”. Já São João Crisóstomo, no século IV, fala em 12. Em algumas catacumbas encontramos os números 2 e 4.

Os nomes dos Reis Magos, – Melchior, Gaspar e Baltasar -aparecem em um manuscrito do século V.

Segundo Heródoto, os “magos” pertenciam a uma tribo dos medos, que se transformou numa casta de sacerdotes entre os persas e que praticavam a adivinhação, a medicina e a astrologia.

Provavelmente Mateus pensa em astrólogos oriundos da Babilônia. Para os judeus, “Oriente” era toda a terra que se estendia além do Jordão. Devido aos presentes oferecidos ao Menino, a tradição cristã considerou os magos oriundos da Arábia, o país do incenso. Já em Isaías (60,6), temos referências aos presentes levados por eles.

Flávio Josefo, um grande historiador judeu, relata histórias semelhantes de estrelas que surgiam quando nascia pessoa destinada a uma grande missão. Por isso, a reação de Herodes, e muito provável.

Mas essa história da estrela já surgiu no livro de Números (24, 17.19), 1.200 anos antes do nascimento de Jesus: “Eu o vejo, mas não é algo que acontecerá em pouco tempo; sinto-o, mas não está perto: uma estrela desponta da estirpe de Jacó, um reino, surgido de Israel, se levanta… Um rebento de Jacó dominará sobre seus inimigos”.

Então, em quem vamos acreditar?

O relato de Mateus deve ser compreendido à luz da intenção teológica do evangelista, o qual não pretendeu escrever um relato histórico, mas mostrar o significado salvífico do nascimento de Jesus: ele veio para todos os homens, como a luz. Ao ser acesa, ilumina a todos, indistintamente.

Reflexão do Pe. Cesar Augusto dos Santos

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